Certo dia, no centro de Teresina, quando as ruas ainda eram coloridas e congestionadas pelo comércio informal, conheci alguém sentado na porta da Igreja Nossa Senhora do Amparo. Amparado pelas ruas, esse alguém não era um alguém qualquer, era um alguém ninguém, daqueles que ninguém percebe. E se percebe, finge que não é ninguém mesmo que seja alguém.
Eu fotografava e ele dizia que sabia conversar sobre tudo, “sou inteligente, se você quiser falo até de energia nuclear”. E eu só confirmava com entusiasmo, “é mesmo?”. Dessa forma, fizemos um acordo espontâneo. Enquanto eu o fotografava ele me falava, enquanto ele me falava eu o fotografava e ouvia.
No meio da conversa, ele me contou algo que não pude esquecer, diferente do seu nome que não mais recordo:
- Minha família me abandonou por causa da bebida.
- E por que o senhor não para de beber?
- Porque minha família me abandonou.
Assim, continuamos a alimentar o mesmo vício por um sistema que nos abandona.
Eu fotografava e ele dizia que sabia conversar sobre tudo, “sou inteligente, se você quiser falo até de energia nuclear”. E eu só confirmava com entusiasmo, “é mesmo?”. Dessa forma, fizemos um acordo espontâneo. Enquanto eu o fotografava ele me falava, enquanto ele me falava eu o fotografava e ouvia.
No meio da conversa, ele me contou algo que não pude esquecer, diferente do seu nome que não mais recordo:
- Minha família me abandonou por causa da bebida.
- E por que o senhor não para de beber?
- Porque minha família me abandonou.
Assim, continuamos a alimentar o mesmo vício por um sistema que nos abandona.
3 comentários:
Mais uma dose dessa merda. É o que sempre queremos, pedimos, bebemos.
Belo texto.
Sávia.
Belo texto.
Seria diferente se ele tivesse o apoio de sua família?
Talvez.
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