Ela não esperava

Como se vivesse em um país sem miséria, fome, desemprego, violência, Ana Maria Braga, parecendo curiosa ou talvez esperando ouvir uma comovente história de superação, pergunta ao jogador de futebol sérvio, Petkovic, “como é ter nascido em um país com tantas dificuldades?”.

O jogador responde: "Quando nasci não tinha dificuldade nenhuma. Era um país maravilha, nos vivíamos um regime socialista, todo mundo bem, todo mundo trabalhando, tinha trabalho, tinham salário, mas problemas aconteceram depois dos anos 80!”.

Pega de surpresa, a apresentadora muda logo o rumo da conversa e pergunta como foi quando ele chegou ao Brasil.

Infelizmente não podemos considerar que a antiga Iugoslávia foi um “país-maravilha”. Apesar das inúmeras conquistas sociais, fruto da expropriação da burguesia em 1945, a Iugoslávia ainda estava longe de ser um país socialista. Mas, diante do caos do capitalismo, foi um país que conseguiu superar determinadas contradições sociais.

É nisso que se fundamenta o otimismo de Petkovic. Com as reformas aplicadas no período de restauração do capitalismo no país, reduziram ainda mais os investimentos públicos e os salários, as privatizações avançaram e trabalhadores em massa foram demitidos de empresas públicas.

É por isso que frente à barbárie capitalista, qualquer país que tenha resolvido minimamente seus problemas sociais aparece aos olhos de seus cidadãos como um “país-maravilha”. Isso só nos ensina que superar as velhas formas de organização da sociedade não é uma simples utopia, é uma necessidade material.